domingo, 29 de dezembro de 2013

Poemas para Tempo de Mudanças





Amanhecendo


Descolo-me
sem colo
nem dor.
Aguardo 
amanhecida
pela luz,
já que bem conheço
a mãe que me gerou.
Em nova vida
de meu ventre nascida,
feliz  da vida
estou.
Com coragem
Fiz minha vida.
Agora 
inteira,
mãe e filha
sou.

Susana Meirelles





Imagem: Chiara Fersini


Braços em Sins


Avanço em direção 
ao alto
Talvez um pouco morra
talvez renasça.
Um novo plano
de voo,
planando asas,  
ao novo,
passo.
Abro os braços em sins
e em direção
ao alto.
Piso firme no chão
onde passo.
O passado chama
(avisa que não vou?),
agora o voo
é  mais alto.



Susana Meirelles





Verdes Asas


Em plumas vejo-te 
em plenitude.
Leve vento levando-te
ao teu lugar.
Em precipícios vejo-te
Sobrevoando.
Em Mares azuis
 descobrindo-te
profundo .
Vejo amores
surpreendendo-te, 
abismando-te.
Em alegrias 
Nas nascentes
Nas margens
Nas luas
Serenando.
Em dores,
mais alto voarás.
Nos silêncios tua alma
Ecoará,
tocando o infinito
onde tecerás  teu ninho.
Para a vida,
todo o coração.
O vento
Já canta
anunciando
as asas do tempo.
Creia 
como ele, como eu
 alado és.
o tempo já  chama
apela, canta.
para ele dirás 
teu sim
abre as verdes asas
da esperança.
confia,
Vai 
   E voa.   




Susana Meirelles



Respostas ao Desafio em Imagens Tania Contreiras

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Poesia Magia

para Wilson Caritta




Celebro o fogo
da poesia 
por onde emana
tua alma.
Como bálsamo,
é alento, é presença 
mesmo na dor
da tua ausência.
De pés descalços
caminho fazendo-me ponte,
onde uma procissão 
de lembranças
se levanta:
teus gestos
teus sins
teus nãos
teu sorriso aberto
tuas palavras 
agitando 
agigantando-te,
invadindo tudo
em abundância.
Uma vida inteira
de luz em  letras 
borbulhando.
Peixes
no mais profundo
respiram,
(suspiram)
fundo.
E o que está ao alto
só o coração
alcança
em oração
de estrofes e rimas
aladas 
num  terço :
tua vida
Celebramos
tua alma 
Fica
tua poesia 
Magia Atemporal
Viva...
Vivifica


Susana Meirelles


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Decoração de Natal


             Todos os anos, são as lojas que primeiro anunciam a sua chegada. Todos os anos, vitrines luminosas piscam–piscam as suas cores, e a luminosidade dos shopping centers anunciam, na decoração do Natal, os seus apelos.
O Natal vem chegando e nos surpreendendo pelo avanço do tempo, pois, assim, antecipado nas vitrines, sentimos que o trenó de Papai Noel a cada ano se torna mais veloz, e os seus sinos anunciam a passagem da própria vida, nos braços do tempo.
      O tempo é mágico e nos surpreende: mesmo sabendo que ele é sempre o mesmo, insistimos em repetir que, como um vento, o ano passa e sua velocidade, sentida quase como um lamento, nos convida a pensar, a rever, a revisar.
     Mas o tempo nunca altera a sua velocidade. O que muda é a nossa contagem. Quando bem vivido, é lento; dentro dele cabe tudo aquilo que nos transformou, nos emocionou. No entanto, preso no acaso de nossas monótonas repetições, parece não ter saído do lugar. Quando nele confiamos e o amamos, ele nos traz decisões e as soluções tão almejadas. Contudo, quando o tememos, parece não nos trazer presentes, mas a dor da sua perda e de todas as ausências.
      Tempo é sempre o mesmo e permanece invariável, maleável à nossa contagem, como a massa de modelar da nossa vida ou a matéria prima para os nossos sonhos. Tempo é Um. E como o Um iniciamos a contagem. No entanto, há muito tempo, entre os gregos, o tempo era Dois: duas palavras para expressá-lo, duas formas de compreendê-lo, duas maneiras de contá-lo e dois deuses para representá-lo - Khronos e Kairós.
      Khronos surgiu no princípio dos tempos e foi formado por si mesmo. Unindo-se a Ananka ou Inevitabilidade, gerou a Terra, o Mar e o Céu. Permanece sem corpo, como um deus, conduzindo a rotação dos céus e o eterno caminhar do tempo. Como força, é capaz de devorar os próprios filhos, tornando-se um deus temido por todos.
       Kayrós é um pequeno deus, que se parece com um elfo. É representado por um belo jovem seminu, com asas nos ombros e nos tornozelos. Kayrós sempre corre segurando a sua lança. Sua cabeça contém uma única mecha, a marca da sorte de uma oportunidade:
      Os gregos, como fazemos nós, contavam com Kairós para derrotar o tirano Kronos - o tempo da tão temida morte, do fim de todas as coisas.
Khronos é o tempo cronológico, ou sequencial; é o tempo que se mede, que se perde, que se ganha. É o tempo que passa. Kairós é o tempo indeterminado, o tempo no qual algo especial acontece, o momento oportuno. É o tempo em potencial, tempo eterno, tempo de Deus. Kairós tem a duração de um movimento, uma criação. Khronos é o monótono,repetititivo e veloz tempo dos homens
      O Tempo comanda os movimentos do Universo, marcando seu ritmo. Em sua forma Khronos, aprendemos a contar, a retroceder, a avançar. É em Khronos que conhecemos o passado, o presente e o futuro. Em sua forma Kairós, porém, o tempo possui asas nos pés, para que nos lembremos da eterna leveza do agora. Kairós é tempo do momento afortunado, tempo que tudo transcende, manifestando-se no eterno presente, instante após instante.
    Os shoppings centers, as vitrines, os calendários e quase todos nós vivemos a maior parte do tempo em Khronos, contando o tempo que falta para a morte, para o fim das dificuldades que vivemos ou para a chegada das situações que desejamos. Esquecemos de Kairós, que passa levemente por nossos rostos com a leveza do vento, mostrando-nos que o agora é o único momento oportuno e é onde está a verdadeira vida.
      E quando a decoração de Natal nos surpreende pela veloz passagem do tempo é como se nos deixasse uma mensagem: “Apresse o seu trenó, pois agora seu tempo é pouco para tudo aquilo que você esperou, nesse tempo, viver”.E isso acontece porque Khronos adora criar expectativas, por viver com medo da finitude. Khronos é muito triste e, por isso, conta e reconta. Kairós sonha e é feliz. Enquanto Khronos conta, Kairós sonha
     Kairós, de um lugar dentro de nós, convoca, convida-nos, apela : “avance, confie , entregue-se a essas nuvens e deixe-me conduzir seu trenó”.
Por isso, se olharmos mais uma vez a decoração de natal, podemos escutar um outro tempo que nos fala. Um tempo que está além da simples idéia de finitude e nos avisa que é este - é este, e apenas este- o tempo único, o tempo oportuno, o Agora onde está a vida verdadeira.
     Suspeito que, quando conhecermos verdadeiramente o amor, Kairós derrotará Khronos. Pois, já sentimos: um dia de amor, um instante de um acontecimento extraordinário ou um momento de extrema felicidade é o que faz o tempo parar, É quando, humildemente, Khronos se afasta e o tempo se desgoverna, pára, avança , retrocede. Creio que um único dia de amor, ou um instante de plenitude equivale a mil dias na monótona contagem de Khronos numa vida superficial e incompleta
Olhemos, então, mais uma vez a decoração do Natal, e vamos escolher. Podemos a tudo ver com os olhos de Kairós ou de Khronos. E então, ali, encontraremos: o verde de nossos campos cuidadosamente cultivados ou da nossa imaturidade. Os frutos belos, brilhantes e coloridos ou esmaecidos e sem cor das ações que agora colhemos. As luzes que piscam revelando nossa instabilidade ou nossa mais profunda alegria. O vermelho do nosso amor ou das paixões que nos consomem. O impávido pinheiro que se revelou a partir de uma semente ou a árvore desgastada de nossas falsas conquistas.
      Olhe bem: ali, logo ali, estarão os anjos em pequenas estatuetas vazias ou aqueles luminosos que foram libertos de dentro de nosso peito na forma de Generosidade, Compaixão, Solidariedade, Tolerância, Respeito às diferenças. O Noel de nossos sonhos ou o velhinho triste e cansado de nossas expectativas frustradas. As renas que nos conduzem e a elas nos entregamos ou em quem não confiamos a direção.
     Ali estão o presépio da nossa família, os laços vermelhos e dourados que ao longo do ano fizemos ou tudo aquilo a que nos amarramos. O trenó do nosso tempo ou de nossa saudade.
     Escute outra vez: ali tocam os sinos que nos convidam a sentir o nascimento de uma criança viva e linda dentro de nós. Nascimento que a todo ano se repete a nos lembrar a mais bela mensagem de amor que já se ouviu entre no Céu , no Mar, ou na Terra. Uma mensagem que marcou uma nova contagem, que inaugurou um novo tempo para a humanidade e que , por um momento, acredito, até fez Khronos e Kairós darem-se as mãos para recolher uma estrela que marcasse esse momento extraordinário, e servisse de guia e de inicio da contagem de nossa era. E para que pudéssemos compreender que é possível viver o tempo do extraordinário de Kairós, submetidos à contagem de Khronos,que rege nossas vidas.
     Acredito que se olharmos outra vez, até na decoração do Natal haveremos de encontrar a nossa estrela que poderá trazer o muito do encantado que existe dentro de nós. E ela terá a beleza da verdade quando se tornar, dentro de nós, muito mais do que simples decoração.
    Então que venha, que venha com o Natal, que venha um novo tempo, e que, mais do que do Natal uma decoração, que seja , que seja, um Natal ... de coração...



Feliz Natal!



Susana Meirelles

domingo, 8 de dezembro de 2013

Furta - Cores









Estamos invadindo sua vida
Viemos furtar o que nos devem
Viemos pegar  nossas cores
E descobrir nossas vidas.

Queremos o vermelho das paixões
colorindo nossas almas
para ver , para vibrar
para  sentir pulsar
um coração
- Sim, queremos!

Queremos o laranja da audácia 
De ser, de fazer
De pensar como se deseja 
crescer  e viver.
-Sim, queremos!

Queremos o amarelo 
do avanço. 
Queremos reconstruir todas pontes
entre o desejo e o medo.
- Sim , queremos!

Queremos o verde da coragem
 De empunhar a arma
Contra tudo o que nos desfaz
e nos reduz a quase nada.
- Sim, queremos!

Queremos o azul da paz
a colorir nossas amarras 
despertando  nossas cordas
 vocais.
E que nossos acordes
Se tornem 
musicais.
- Sim , queremos!

Queremos deixar de ser robôs
Ou do Outro, marionetes.
Se a Liberdade é  cor de anil
ser comandados , não queremos. 
-Sim , não queremos!

Queremos uma alma violeta.
Não violenta.
E que baile com leveza.
Queremos toda a delicadeza
 das  violetas em flor,
desabrochando em toda a parte,
cheias de beleza

Queremos sair de onde estamos 
e nos movermos  nas colinas.
Colher o fruto que semearmos 
com nossas mãos
e revolver a terra 
com paixão.

Queremos ser únicos , 
inteiros
Queremos sair dessa massa
que sem percebermos
de todos se apoderou.
Queremos ser vistos como somos
pois somos
Eu.

Queremos ser diversos
Em nossa fala, nossos versos.
Nada igual queremos
Nem iguais nunca mais  
seremos.
Não queremos !

Queremos nossas digitais
Tocar, 
sermos tocados. 
Pintar, 
não mais sermos pintados.
Queremos nossa marca.
Queremos nossa cor.

Temos olhos, olhares
Se um dia fomos cegos ,
por furtarem nossas íris,
agora descobrimos 
que temos 
em nós,
as cores do arco-iris.

Queremos apenas ser homens
Com desejos   
e todas as dores.
Não, nunca mais seremos
furta - cores.



Susana Meirelles

Resposta ao Desafio poético com Imagens Tania Contreiras 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Futuro do Pretérito







Futuro do pretérito


Eu colheria lágrimas
gotas suas de orvalho,
até recolher toda a dor.
Atravessando  sua insônia
como lua, eu serenaria.

Eu acalmaria seus temores
Acolhendo-os no morno regaço.
Abriria janelas para despertar a sua coragem.
Como  manhã, como mãe,
eu amanheceria

Eu escutaria seus anseios
Ajudando-o a descobrir
um a um de seus desejos,
para um dia  com você  viver.
Um a um de seus sonhos,
eu cultivaria.

Eu embelezaria sua vida
com pétalas coloridas
das coisas que não se findam.
Com perfumes, com prazer
só para você,
Eu floresceria.

A mais bela das poesias
Para você eu seria.
Com o mel dos versos gentis
Rimando e amando
toques suaves  com palavras delicadas.
Sua vida, eu adoçaria.

Eu caminharia ao seu lado
Por pedras e campinas
espalhando sementes no caminho
até colher fruta no pé.
Com você, dia a dia,
eu amadureceria.

Eu viveria ao seu lado
Sob a chuva , sob o sol
Tão bela ,que aos olhos se agiganta,
Ou diminuta se torna
ao seu lado, eu viveria.
Até que num fim de tarde,
como flor,
nas suas mãos,
de pura alegria
eu feneceria.


Susana Meirelles

domingo, 17 de novembro de 2013

Kronos e Kayrós









Quando contado
pode tornar-se muito lento ou veloz
devassando sonhos,
promessas , certezas
e afastando-nos de nós.

Quando tem sentido
explode dentro do peito,
revelando quanto mistério há
no eterno de um instante
e na finitude.

Pouco sentido, 
passa de minuto a minuto,
diluindo-se nas horas, 
com a dor da transitoriedade 
e do efêmero.

Livre, passa como brisa , como música, 
num voo ,entrecortando o ar,
deixando no céu a marca
do inesquecível.

Vivido nos seus compassos e descompassos, 
traz o ritmo do coração,
das estações, dos ciclos
e das  eternas  
transformações. 

Transcendendo os dias e as horas do crepúsculo,
vivemos a sua perene  aurora:
é nascente, 
renasce,
revigora.

Pintado nos olhos em negras cores,
é  desenhado nos nossos rostos,
demarcado nos nossos passos,
passo a passo.
Passa sem alegria, 
passa como um lamento.

Temido e cronológico, 
sentimos com dor a sua passagem,
 conduzindo-nos à sua perda 
e a todas as ausências.

Impregnado em brilho no olhar, 
prolonga a vida, remoça.
Se desfaz, refaz.
Nele confiamos
pois transforma sonhos,
fazendo-se  presente 
em belos e inesquecíveis 
voos de borboletas,
dentro de nós.


Com o Tempo,
o velho pode ser novo.
O novo , envelhecer.
O começo pode ser o fim.
O fim, infinito.




II



O tempo é um, 
mas há muito tempo,
dois são os deuses a governá-lo
E duas são  formas de contá-lo.

Kronos , o deus devorador dos homens
governa o Universo,
nossos relógios e calendários.
Kayrós ,o elfo com asas nos pés,
É leve como brisa suave.
Surge em incalculáveis 
extraordinários e inesquecíveis
instantes.

Kronos conta e reconta.
É o tempo  que passa, 
tempo que se perde,
tempo que se ganha.

Kayrós vibra e sonha
É o tempo do momento presente.
tempo do eterno  instante.
Possui a leveza dos anjos
e das crianças.

Para Kronos há passado,
Há presente, há futuro.
Para Kayrós , apenas
- e isso basta- 
a eterna leveza  do agora.

Um dia, Kronos e Kayrós 
hão de cessar a luta,
e  dar-se-ão as mãos.
E o Amor com o poder de desgovernar  
a temível contagem de Kronos,
Há de fazer 
(como sempre faz) 
o tempo parar.
retroceder, 
avançar
em um único instante.

E então, entre suas mãos,
apenas a vida
inteira , profunda,
deslizando-nos,
diluindo-nos.
Entre a finitude de Kronos
e o infinito de Kayrós,
o tempo há de ser, 
- para sempre- 
nosso  eterno presente.



Susana Meirelles


Resposta ao desafio poético em Imagens TaniaContreiras Arteterapeuta

domingo, 10 de novembro de 2013

Versos ao Vento






Passatempo




O tempo vai grafando
as letras dos meus versos
escrevendo-me,
por mim passando.
Em palavras me desenha
embelezando-me.
Tão fundo
eu o sinto
poetizando-me.
Poético,vai
ultrapassando-me.
Só vivendo
eu vou vendo,
meu poema inteiro se fazendo,
biografando-me.


Susana Meirelles







Emergência

A espera antecede o verso
que emerge.
Entre tão cedo e tão tarde,
intercedo.
À caneta,  cedo.
No coração, tarde.
Um poema arde


Susana Meirelles




Versinho



Queria fazer um versinho
que falasse do meu carinho
mas com palavras,  nem sei dizer..
Queria lhe dar um cantinho,
como pássaro, fazer ninho,
com beijinho, tudo rimando,
bem bonitinho.
Mas só sei pensar no quanto amo
e fazer rima com meu engano,
de estar poetizando,
um amor que, por você não ver,
talvez nunca, vá me ler.




Susana Meirelles


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O Despetalado






Desde que me fiz teu,
passei a habitar teus azuis
e, em ti submerso,
fiz-me navegante
do teu mundo.

Vi, naufragados,
marinheiros viajantes,
teus amantes.
E, mais fundo, afogados,
dragões, ninfas  e sereias
habitantes teus
que mal conheces.

Deitei em  tuas espumas, na superfície,
tua pele
onde preferias estar.
Plácida, me acolheste em teu seio.
Ávido, explorei ilhas,
teus silêncios
e os peixes que traziam vida em abundância.

Deste ao meu corpo contornos mais  belos
e formas imprevistas.
Deste aos meus dias
sentido
e sentimentos ao coração 
envelhecido.
Deste aos meus cabelos sua cor viva
E às minhas veias,
tua vida.

Insensato, sacrifiquei caminhos, lugares,
atalhos mais fáceis ,
mais simples,
corações mais ternos, 
mais belos,
trocando tudo pela poesia
que os teus azuis me evocavam.

Desejei caminhar ao teu lado,
de sol a sol
e, à noite, dividir astros
-os reflexos deles em ti-
navegando sem farol,
quase afogando-me,
de cabeça, 
mergulhando,
sem razão,
 entregando-me.

Aqui, eu, poema em flor,
Vim oferecer-te.
Mas  só, fui
num frio marítimo
despertado.

Desesperado,
 bato à tua porta
chamo o teu nome.
Em eco,
o silêncio.
E a imensa solidão
das ilhas,
ao longe

Há uma paz silenciosa
O mar, tão plácido,
O azul , tão profundo.
Mas meu coração
está em pedaços.

Nunca estiveste aqui,
nunca estiveste em nada,
só no meu
(mar imenso, mar sem fim)
amor de  poeta.

Nada mais é tão fundo
Nada disso foi meu mundo.
Nesse mar  profundo,
ao longe, nadas.

Fui  despetalado.
E meus  versos,
desperdiçados.



Susana Meirelles